quarta-feira, 2 de março de 2011

Entre nós



Amor parecia demandar mais intimidade, mais parceria. No filme “Avatar”, de James Cameron, os Na’vi não dizem “eu te amo”, mas “eu te vejo”. Este me parece ser o pulo do gato, a nova senha para o amor mais profundo: um enxergar o outro com seus talentos e limites, com seu melhor e seu pior – na profundidade que nos faz ser quem somos. Assim, a parceria se fortalece, pois os dois estão ali inteiros e não mutilados nem recortados em papéis preestabelecidos ou projetados pelo parceiro. O homem não precisa mais carregar o sustento e o comando sozinho e a mulher não mais se restringe ao papel de uma boa governanta da vida do casal.

Encontro nos amores de agora mais espaço pra cada um, onde ambos torcem pelo sucesso profissional do outro, onde cada um cuida pro outro estar feliz e podendo crescer e evoluir nos seus caminhos individuais – porque sabemos que a satisfação pessoal traz mais felicidade até para a relação. O amor deve fertilizar o casal e não podar e cercear; deve ser grande o suficiente pra que caibam os dois em seus domínios, onde ambos se sintam reconhecidos, aceitos e valorizados. 

Felicidade é despir-se de papéis e armaduras e revelar sua essência, para poder ser à vontade ao lado de quem se ama. E a sabedoria antiga se confirma e ganha força porque, agora, ambos se sentem inspirados a dar algo pra relação crescer e prosseguir. Juntos, inteiros e atentos. 



Texto:

Lúcia Rosenberg

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